sábado, 31 de agosto de 2013

A música enquanto experiência sensorial e transcendental para o ouvinte.

Um dos temas que quero trabalhar em meu blog é sobre a música. Seja através de resenhas (as quais atualmente eu posto no site ProgArchives), ou como hoje, destacando o papel fundamental dela nas vidas das pessoas. Assim como falei da importância dos livros, quero falar da importância de se ouvir uma banda ou um artista, de como até mesmo simples acorde, se bem executado, pode trazer à flor da pele uma gama de sentimentos.

Falar de música é complicado. Gosto musical é uma das coisas mais particulares que existem, e bom, hoje em dia não se pode falar mal porque senão você vai ser rechaçado. Esses dias eu vi um post no facebook, mostrando um boneco falando mal do funk e outro o silenciando, para falar: "para de dizer que funk não é cultura, seu pseudo-intelectual de merda", ou algo do tipo. Tanto faz. A questão que eu quero trazer aqui é: funk é bom? A meu ver, não é. Não esse, apregoado por aí, com suas letras sexualmente explícitas e comportamentos contraditórios e por muitas vezes apologéticos ao crime. Odeio o estilo, odeio as letras, odeio o estilo de vida de muitas pessoas que curtem adotam para si. Não gostaria de cair no erro da generalização, afirmar que todo mundo que escuta funk é babaca e essas coisas, mas a verdade é que somos passíveis desse erro. Ah, como não ser, se o julgamento é intrínseco a nós?

A questão que eu quero trazer não se refere apenas ao funk; trata-se apenas de um exemplo. Mas o que a música se tornou hoje, senão um produto midiático, impessoal, rentável e acima de tudo mercadológico? O que se vê hoje: boy bands prontas para levar garotinhas à loucura, ex-artistas teens fazendo performances sexualmente apelativas e se tornando memes da internet (sim Miley, estou falando de você - é só pra não dizerem que fico mandando indiretas), letras sem conteúdo nenhum, grandes produtores sugando a almas de jovens talentos, músicos tendo que se readaptar ao mercado moderno. A música em si perde a essência; é o meio, assim como sempre foi, mas os fins são outros. Refletem a decadência moral de nossa sociedade.

Vinícius, como assim "a música é o meio, assim como sempre foi?"

Essa pergunta que você, leitor, fez (ou se não fez tem problema não, faço-a a mim mesmo), é altamente pertinente. Sim, vejo a música como um meio, o instrumento. O que antes era o fim? Não apenas os ouvidos do indivíduo, mas a sua alma. Ouvir uma música que a seu ver fosse boa poderia significar não apenas uma experiência de degustação, mas algo mais profundo, real. Quantas músicas já lhe fizeram chorar? A mim apenas uma. Quantas eram tão boas que lhe davam aquele calafrio, aquela sensação de "Oh Deus, o que é isso?". Um solo de guitarra que parece lhe conduzir a uma apoteose, tamanha é a sua gloriosidade - e este é apenas um dos vários casos. 

O modo como a música atinge o ouvinte varia de pessoa pra pessoa, é claro, e é por isso que é impossível definir o que é "música boa" ou " música ruim". Se a interpretação é estritamente pessoal, é óbvio que não sou eu quem vou definir isso por você - justo eu, dos gostos musicais fechados. Mas o que estou querendo dizer é: não deixe a música morrer. A boa música, aquela que te completa, sacia, proporciona um prazer incomparável e - por que não? - lhe traz à tona reflexões mais profundas sobre a vida. 

O universo dentro de um livro, pt.2

"Peço a um livro que crie em mim a necessidade daquilo que ele me traz." Rostand, Jean

Eu poderia citar inúmeras frases antológicas a respeito do valor de um livro, mas essa realmente chamou minha atenção. Por que, afinal de contas, o que procuramos em uma obra literária? Mero divertimento? Uma forma de ocupar seu tempo? Ou reflexões? Sabedoria? Respostas para nossas perguntas? Livros oferecem isso e tudo mais. Eles são tudo. São um bem à humanidade,um dos tesouros mais preciosos de nossa raça.

Chega ser chato já dizer o quanto livros são importantes e blá blá blá *insira um clichê aqui* blá blá blá. Mas é, clichês não são à toa. Neste caso, eles evidenciam o principal atributo do livro: falar à nossa alma. Seja pelo simples prazer de ler uma aventura superficial, seja pela necessidade de adentrar territórios mais profundos em obras religiosas e filosóficas, tudo é reflexo da sede de nossa alma pelo saber, da curiosidade dela em saber o que aquele autor(a) está falando. Tudo bem, o livro pode ser só um amontoado de abobrinhas, e eu podia citar alguns aqui, mas não é disso que estou falando. Mais do que ler um livro, é saber que ele está falando a nós, dando-nos algo. É bom ou ruim? Cabe a você decidir.

"Seja um filtro, não uma esponja" As Vantagens de Ser Invisível

Ah, como dizer o que sinto sem cair em lugares-comuns? Presumivelmente partindo de minhas próprias experiências. Prefiro me definir como um leitor razoável, porque sempre gostei de ler, mas que poderia ter lido mais eu poderia, sabe? E ainda tem a pobreza... ser pobre num país onde os livros têm preços exorbitantes e ainda numa cidade é pequena é foda (perdoem a expressão). Mas como um leitor, eu sei do que estou falando quando digo que livros mudam pessoas e as satisfazem. Não digo que todos os livros que já li foram uma maravilha, mas outros me marcaram profundamente, especialmente quando você se identifica com os temas propostos, como foi comigo quando li "As Vantagens de Ser Invisível".

Cada obra literária é um universo autônomo, esperando para ser descoberto por um novo e ávido leitor. Infelizmente a leitura ainda não é o forte do brasileiro, não quando lemos uma média de 4 por ano enquanto na Europa e nos EUA se lê 17 ou mais (e quando as livrarias colocam valores extremamente caros e pouco atrativos, que mais afastam do que atraem prováveis compradores), mas eu realmente tenho visto uma tendência positiva nesse sentido. 

Jovens que leem mais, questionam mais, aprendem mais, passam a ter novas visões de mundo. Ler é uma experiência que chega a ser indescritível, e por isso as palavras que escrevi aqui não fazem jus à tamanha sensação. Cabe a cada um senti-la. E sempre, repito SEMPRE, buscarei incentivar as pessoas a lerem, não só pelo simples entretenimento, mas principalmente porque é a chance de mudar uma vida, introduzi-la novos universos e possibilidades. Todo ser humano merece isso.

O universo dentro de um livro, pt. 1 - ASOIAF e os reflexos dessa série em minha vida.

Pessoal, antes de tudo peço desculpas por não ter postado ontem. Foi um dia cheio de responsabilidades e pouquíssimo tempo tive para o computador (ou seja, não foi um dia comum pra mim). Mas enfim, here we are, e vamos continuar com mais postagens. Dado que meu último post anteontem foi sobre a minha relação com a escrita, acho válido que sua sequência seja sobre minha relação com a leitura e a importância desta em minha vida.

Já que no meu post anterior eu já dei pinceladas da minha relação com a literatura para explicar minha vocação para a escrita não vou me ater muito a essa parte. Mas bom, já expliquei que em certo período da minha vida deixei de ler no ritmo dos primeiros anos da segunda infância, embora nunca deixando realmente o hábito de ler. Por volta de 2007 e 2008 passei a criar interesse na fantasia, expressa em minhas leituras d'As Crônicas de Nárnia, Harry Potter e posteriormente Percy Jackson. Mas a série que definitivamente resgatou meu gosto pela leitura, seja a fantástica ou de tantos outros gêneros, foi As Crônicas de Gelo e Fogo.

Se você não esteve fora da Terra nesses últimos anos então deve ter ouvido falar da aclamada série Game of Thrones. Pois bem, As Crônicas de Gelo e Fogo (ou A Song of Ice and Fire, seu título original em inglês cuja abreviação, ASOIAF, é o modo como irei me referir a ela) são os livros que originaram o seriado. E você sabe né? O livro é sempre melhor que o filme/a série. E por Deus, nenhuma série revolucionou meus pontos de vista como ASOIAF.

O motivo pelo qual digo isso é que o autor, George R.R. Martin, genialmente subverte alguns dos mais clichês que sempre estiveram presentes na fantasia. Não há heróis ou vilões. Apenas pessoas falhas, com defeitos e qualidades, que podem se render ou se corromper, agindo em favor de seus próprios interesses ou obtendo a chance de agir em favor dos outros. A fantasia não é o foco, e sim um elemento integrante do universo onde a história se passa, com o foco sendo nas intrigas de poder, a disputa do Trono de Ferro que deu nome ao primeiro livro e à série. Contudo, a magia está lá, inicialmente aparecendo de forma meio que implícita, para gradualmente crescer e estabelecer sua importância dentro do contexto da série.  Como o próprio Martin gosta de fazer, eu parafraseio Willian Faulkner, que disse: "o coração em conflito consigo mesmo é a única coisa sobre a qual vale a pena escrever". 

E é claro, ninguém é imortal: qualquer um pode morrer. Já virou uma máxima chamar Martin de "assassino de personagens favoritos", e bom, isso é de certa forma verdade. Mas nenhuma morte é em vão; cada uma tem seu propósito, sua justificativa, seu peso pra série. Há abundância de elementos adultos: muita violência, sexo, palavrões. Não é coisa pra crianças. Ele lida com temas pesados, bastante atuais, embora a história se passe numa sociedade medieval. As personagens femininas são extremamente fortes e complexas, mesmo diante de uma sociedade machista e patriarcal. O uso de POVs (Points of View=Pontos de Vista) nos capítulos, oferecendo vários narradores à história, é um método genial, que nos faz saber o que pensam amigos e inimigos, tirando de nós até mesmo o direito de julgar personagens por suas ações, pois sabemos o que se passa em suas cabeças, sabemos o que o motivo, acabamos por nos afeiçoar a eles. Não raramente opiniões nossas sobre determinados personagens se alteram ao longo da série (cof cof Jaime Lannister cof cof), para o bem ou para o mal.

Como ASOIAF influencia em minha vida? Principalmente na minha escrita. Praticamente tomei pra mim o uso de POVs nos meus livros, especialmente em "As Terras do Caos", que segue uma linha parecida com a obra de Martin. Mesmo n'As Crônicas dos Guardiões (a série a qual pertencem "O Destruidor de Mundos" e "A Última Fronteira"), que é uma série infanto-juvenil e portanto suscetível aos clichês eu tento imprimir elementos mais sérios e sombrios, bem como o uso de plot twists (reviravoltas no enredo), em consonância com o que eu aprendi lendo ASOIAF. E não sou só eu: tem se visto realmente uma quebra de paradigmas na literatura fantástica nesses últimos anos, um reflexo da importância dessa série na literatura atual, que ao quebrar clichês deu a jovens e velhos autores a possibilidade de inovar num gênero conhecido por seus lugares-comuns.

Inicialmente minha intenção era tratar de toda a questão da literatura em um único post. Mas sempre que começo a falar de George R.R. Martin e sua magnum opus eu corro sérios riscos de devanear. Por isso no próximo post tratarei da importância da literatura em geral, não só em minha vida como para qualquer um.

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Minha eterna paixão pelas palavras.

"Palavras são, na minha nada humilde opinião, nossa inesgotável fonte de magia. Capazes de formar grandes sofrimentos e também de remediá-los." Dumbledore

Uma das razões que me impulsionaram a investir nesse blog foi minha paixão e habilidade com a escrita. Apesar de que o auto-desprezo é uma das minhas notórias características, reconhecer minha desenvoltura com as palavras é uma coisa que faço muito bem e sem muita modéstia. 

Obviamente, não posso falar da escrita sem mencionar a leitura. Se há alguém pelo qual sou grato por ter me ensinado a ler, esse alguém foi Maurício de Souza. Comecei a ler seus gibis da Turma da Mônica com cerca de 5 anos, e desenvolvi de tal forma que pulei a alfabetização por já saber ler e escrever (!). Além dos gibis sempre vivi cercado de livros, então nunca fui daquelas crianças que vivesse na rua brincando com os amigos, mas sempre imerso em casa, com obras literárias, revistas, materiais escolares, etc.

Contudo, conforme fui crescendo fui deixando de lado esse amor pela literatura. Especificamente na passagem da infância para a adolescência. Meu ritmo de leitura diminuiu consideravelmente, embora escusado será dizer que ainda assim eu deveria ler mais do que muitos de meus colegas. Claro que foi uma fase de novos gostos, especialmente o surgimento da paixão pela fantasia, expressa em meu interesse por Harry Potter e posteriormente por Percy Jackson, bem como o amor pela Turma da Mônica que não morrera - e nunca morrerá, mesmo eu tendo dado todas as minhas revistinhas a minha irmã para que ela trilhasse seus próprios caminhos na literatura de quadrinhos e livros, algo que ela está fazendo mais brilhantemente que eu até.

Porém, não foi até 2011 que eu descobri minhas habilidades na escrita.

Sempre escrevi bem. Mas duas figuras foram essenciais para meu processo de aprimoramento: Thales e Aline, meus professores de redação no 2º e 3º anos do Ensino Médio, respectivamente. Eles me incentivaram bastante a me dedicar à escrita, visto que enxergaram em mim um potencial escritor. Fosse nas dissertações, resenhas, artigos de opiniões e de vez em quando narrações (apesar de que este último sempre foi meu favorito), havia constantes elogios à minha pessoa. Isso elevou muito ânimo, ainda mais numa época crucial em que eu estava em conflito comigo mesmo. 

A verdade é que ideias para livros e filmes nunca me faltaram. Sempre fui extremamente criativo. Mas só me aventurei a escrever meu primeiro livro a partir de meados de 2011, intitulado "O Destruidor de Mundos". Agora ele está completo, e se tudo der certo conseguirei uma editora para publicá-lo. Atualmente trabalho em sua sequência, intitulada "A Última Fronteira". Já fiz 1/4 deste livro, bem como uns 75% de outro chamado "As Terras do Caos", o qual é o primeiro de uma série de nome "A Saga dos Reinos", nos moldes de ASOIAF (A Song of Ice and Fire - As Crônicas de Gelo e Fogo). Sou um cara ambicioso, de visão. Tenho muitos planos. A escrita pode ser um hobby, mas sabe Deus se virá a ser meu sustento no futuro? Nada sei sobre o amanhã. Mas não quero largar mão desta atividade, não quando vejo tantos me apoiando nesse sentido. E por isso sou eternamente grato aos meus professores por terem enxergado em mim uma habilidade da qual eu mesmo não me julgava capaz.

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Quantidade vs. qualidade

Na última terça-feira, depois de 4 meses, voltei a ir em um culto dos adolescentes em minha igreja. E qual não foi o meu choque ao ver o imenso vazio nos bancos, um número ínfimo de pessoas ali presentes - mesmo contando com membros da congregação e da igreja Betel. Perguntei-me onde estavam todos aqueles jovens e adolescentes que compareciam em peso aos cultos antes, mas a resposta era óbvia.

De imediato me senti envergonhado. Aqueles jovens e adolescentes só iam por causa do nosso antigo líder, Zica, por causa de seu trabalho no ministério. Quando ele foi pra Valença houve a debandada. Não havia mais atrativos para eles. A igreja deixou de ser o ponto de encontro que sempre foi, perdeu o brilho de antes. Por que ir? Não fazia sentido. E nesses quatro meses houve esse esvaziamento.

Por que me sinto envergonhado? Simplesmente porque eu não tenho direito nenhum de julgar os jovens que deixaram de ir na igreja às terças. Afinal de contas, eu fiz a mesma coisa! Não fui diferente deles nesse sentido. Seria hipocrisia da minha parte. Não, não. Chega de tanta hipocrisia assim. Há muitas coisas em minha vida que eu preciso reavaliar pra ser um mentiroso diante de Deus e dos homens em relação a esse assunto. Me encaixo na categoria dos que debandaram. Ir pra igreja? Só aos domingos, e não raramente deixando de ir à EBD. Então, como se pode ver, não tenho muita moral para acusar aqueles que cometeram o mesmo erro que eu. Felizmente, meus olhos abriram a tempo.

Foi realmente triste ver aquela quantidade de pessoas lá no culto na terça. Ainda mais com a mensagem maravilhosa que o Pr. Adelson deu, uma mensagem dirigida a nós, jovens. Realmente, a atual situação do ministério exige uma nova liderança, mas ver como houve essa redução presencial nos cultos após a partida de Zica mostra como as pessoas esqueceram do real sentido do Evangelho em geral: é um apego aos artistas "gospel" (me enoja usar essa palavra nesse sentido, e vou tocar nessa ferida em uma futura postagem), ao pastor que prega, aos ritos, à liturgia. Nada disso o salvará. A salvação é conferida pela graça divina, e deve ser Deus o objeto de nossa adoração, não o homem.

O título desse post advém de uma coisa que meu querido Zica sempre dizia: ele não se importava se houvessem apenas cinco pessoas no culto, porque preferia qualidade a quantidade. Ou seja, um culto onde houvesse apenas cinco pessoas e todas elas tivessem seus espíritos contritos em adoração a Deus era melhor do que um com 500 pessoas e nenhuma estivesse em comunhão real com o Espírito Santo. É por isso que eu amo esse homem, e peço desculpas a ele e ao Senhor por não ter investido mais tempo no ministério, preferindo um comodismo banal, exatamente assim como tantos outros fizeram. 

As coisas mais difíceis de serem ditas, geralmente são as mais importantes.

Sou o único aqui ou mais gente se arrepende de certas coisas que jamais disse à outras pessoas? Ah, é claro que não. Esse é um dos arrependimentos mais comuns que existem. Aquela palavra que você tinha de ter dito, mas que guardou para si e depois se odiou por isso. A opinião que você podia ter dado, mas no último instante vacilou e se negou a dá-la. Apenas para depois pensar em como as coisas seriam diferentes se você tivesse opinado.

Não é do meu feitio dizer as coisas que penso. Costumo ser evasivo de vez em quando. Faz parte da minha personalidade, sabe? E se eu fosse dizer tudo o que se passa na minha cabeça... meu Deus. É melhor não, em alguns momentos - em muitos momentos. Já diz a Palavra: "Porque todos tropeçamos em muitas coisas. Se alguém não tropeça em palavra, o tal é perfeito, e poderoso para também refrear todo o corpo (...). A língua também é um fogo; como mundo de iniquidade  a língua está posta entre os nossos membros, e contamina todo o corpo, e inflama o curso da natureza, e é inflamada pelo inferno." (Tiago 3:2,6).

O problema é que em alguns momentos se faz EXTREMAMENTE necessário que emitamos uma opinião, um ponto de vista, e entretanto não o fazemos. Por quê? Medo? Receio? Vergonha? Ah, há vários motivos. Eu sou um cara extremamente retraído e tímido e isso muitas vezes me deixa em silêncio diante de certas conversas, certas discussões. Mas, e se eu não tivesse ficado calado? E se tivesse dito o que penso? Como os outros reagiriam? Ainda pensariam que eu sou condescendente com suas atitudes, com suas opiniões? Não há um dia em que não me questione os rumos de algum acontecimento se eu não tivesse me portado de outra maneira.

E percebam como as pessoas a quem temos mais receio de contrariar são as que mais amamos, que são próximas de nós. Temos medo de perdê-las por causa do que dizemos e pensamos, e calamos nossas bocas. Eu não estou dizendo que isso é besteira. Afinal de contas, nem todos podem lidar com uma opinião contrária, com um ponto de vista sincero. Isso pode trazer inúmeros problemas, mas muitas vezes a solução está no modo como você aborda a questão. A verdade dói. Contudo, penso que sinceridade e grosseria são duas coisas diferentes, e que infelizmente são facilmente confundidas. Não entendeu o que estou dizendo? Vou exemplificar:

Aquela pessoa te magoou com certas palavras, ou com uma ação, grosseiras. Mas você não tem coragem de dizer a ela que se sentiu magoado(a), simplesmente porque pensa que ela achará que é besteira, o ridicularizará por isso. Aparentemente está ignorando o assunto, mas por dentro a mágoa o corrói como um veneno. Ela dilacera você, e ainda assim o medo de zombaria e descrédito por parte do outro(a) impede que profere as palavras ao amado(a). A incapacidade de ser sincero frente a um assunto que é, pelo menos em tese, importante pra você, acaba se revelando num obstáculo ao relacionamento. No caso não me restrinjo ao namoro ou casamento, mas também isso serve às amizades, ao filho para com o pai e vice-versa, e por aí vai...

Uma das grandes dificuldades de qualquer ser humano é saber o que dizer, quando dizer. Não me refiro à conveniência, mas especificamente ao poder da palavra dita e da não dita em todo e qualquer relacionamento humano. Se o que você vai dizer vai afetar negativamente uma pessoa, eu não posso lhe responder isso meu caro. Mas se a palavra guardada o está corroendo, então não deixe de falá-la, contanto que saiba o modo de fazer isso. Ah, e como todos nós precisamos saber como dizer, e não o que dizer...


Matai o menino e deixai o homem crescer.

Desde moleque eu tenho algumas manias pra lá de esquisitas: a de fazer mapas (ok, essa não é tão esquisita assim, afinal de contas é como eu quero me sustentar quando for engenheiro civil), marcar o tempo de música e filmes em relógios, decorar músicas e cantarolar as partes da bateria e criar discografias de bandas falsas, de preferência de rock progressivo. Normalmente eu seria chamado de retardado por causa disso, e talvez de fato eu seja, mas agora que faltam dois meses pra eu ir embora percebo que tenho de abdicar de algumas dessas coisas simplesmente porque elas não fazem sentido em minha vida.

O engraçado é que, embora eu me sinta extremamente idiota por ter tais manias, não consigo suportar a ideia de jogar fora cadernos repletos de memórias lá dentro. Besteiras da minha infância, coisas que não fazem sentido pra mim agora e farão menos ainda quando for mais velho. No entanto, isso não deixa de ser uma parte de mim.


Crescemos e deixamos certos valores/gostos/ideias para trás, porque temos de crescer, amadurecer, transmutar. Lamentavelmente, se quando éramos novos desejávamos com tanto anseio crescermos, quanto mais envelhecemos mais nos apegamos ao passado, às memórias de quem um dia fomos. Nunca estamos satisfeitos. Largamos mão de quem somos e pomos nossas máscaras para sermos aceitos, simplesmente porque o homem, enquanto ser social, busca a interação com o próximo. Mas estes dias que vivemos... Do que vale a pena ser autônomo num mundo de padronizações? Não há lugar para minhas bandas fictícias. Não sem o preço da eterna zombaria.

"Matai o menino e deixai o homem crescer". Essa frase é tão verdadeira a cada um de nós que chega a ser dolorosa. Mas sinceramente, até que ponto vale a pena deixar o homem crescer? Quer dizer, a criança que um dia fomos se impressionaria ou se orgulharia com quem estamos nos tornando? Pra muitos a resposta é uma tremenda negativa. Inclusive pra mim, temo.



(Obs.: originalmente eu postei esse texto no facebook, há cerca de uma semana. Foi a repercussão dele que me incentivou a criar este blog, além do incentivo final que foi o conselho do meu amigo Ângelo)

Apresentações

Já faz um tempo que eu tenho pensado em criar um blog. Meio que para satisfazer meu ego, meio como uma necessidade de me expressar. Devido a meus esparsos conhecimentos tecnológicos ele não será visualmente impressionante, demasiado simples, pobre até. Mas o foco não está na aparência dele, e sim em seus conteúdos. Nas questões que eu desejo discutir, seja criticamente, seja poeticamente (caso eu tenha as habilidades de um poeta). É só que, bom, as palavras sempre foram o meu forte, seja na escrita ou na fala. Não raramente elogiaram o modo "culto", "formal", como falo, bem como as coisas que escrevo. Isso é bom, sabe? É algo de que me orgulho. Algo pelo que quero ser reconhecido.

Vou tentar atualizá-lo com esmero. Especialmente nesse próximo mês, já que eu não faço mais nada de minha vida senão ficar no computador, dormir, ficar no computador, comer, ficar no computador... depois que eu for pra Aracaju e iniciar minhas aulas na UFS, não sei como as coisas ficarão. Mas é isso: quero discorrer sobre os mais variados assuntos. Eis aqui os meus focos:

-Religião
-Eu
-Relacionamentos
-Sociedade
-Cinema
-Música
-Séries
-Política, sexualidade, o que estiver na mídia...

O blog vai ser uma oportunidade de expressar meus pontos de vista ecléticos. Espero que gostem. E é claro, críticas, elogios e sugestões sempre serão bem-vindos.

É só o começo. Vamos ver no que vai dar.