Um dos temas que quero trabalhar em meu blog é sobre a música. Seja através de resenhas (as quais atualmente eu posto no site ProgArchives), ou como hoje, destacando o papel fundamental dela nas vidas das pessoas. Assim como falei da importância dos livros, quero falar da importância de se ouvir uma banda ou um artista, de como até mesmo simples acorde, se bem executado, pode trazer à flor da pele uma gama de sentimentos.
Falar de música é complicado. Gosto musical é uma das coisas mais particulares que existem, e bom, hoje em dia não se pode falar mal porque senão você vai ser rechaçado. Esses dias eu vi um post no facebook, mostrando um boneco falando mal do funk e outro o silenciando, para falar: "para de dizer que funk não é cultura, seu pseudo-intelectual de merda", ou algo do tipo. Tanto faz. A questão que eu quero trazer aqui é: funk é bom? A meu ver, não é. Não esse, apregoado por aí, com suas letras sexualmente explícitas e comportamentos contraditórios e por muitas vezes apologéticos ao crime. Odeio o estilo, odeio as letras, odeio o estilo de vida de muitas pessoas que curtem adotam para si. Não gostaria de cair no erro da generalização, afirmar que todo mundo que escuta funk é babaca e essas coisas, mas a verdade é que somos passíveis desse erro. Ah, como não ser, se o julgamento é intrínseco a nós?
A questão que eu quero trazer não se refere apenas ao funk; trata-se apenas de um exemplo. Mas o que a música se tornou hoje, senão um produto midiático, impessoal, rentável e acima de tudo mercadológico? O que se vê hoje: boy bands prontas para levar garotinhas à loucura, ex-artistas teens fazendo performances sexualmente apelativas e se tornando memes da internet (sim Miley, estou falando de você - é só pra não dizerem que fico mandando indiretas), letras sem conteúdo nenhum, grandes produtores sugando a almas de jovens talentos, músicos tendo que se readaptar ao mercado moderno. A música em si perde a essência; é o meio, assim como sempre foi, mas os fins são outros. Refletem a decadência moral de nossa sociedade.
Vinícius, como assim "a música é o meio, assim como sempre foi?"
Essa pergunta que você, leitor, fez (ou se não fez tem problema não, faço-a a mim mesmo), é altamente pertinente. Sim, vejo a música como um meio, o instrumento. O que antes era o fim? Não apenas os ouvidos do indivíduo, mas a sua alma. Ouvir uma música que a seu ver fosse boa poderia significar não apenas uma experiência de degustação, mas algo mais profundo, real. Quantas músicas já lhe fizeram chorar? A mim apenas uma. Quantas eram tão boas que lhe davam aquele calafrio, aquela sensação de "Oh Deus, o que é isso?". Um solo de guitarra que parece lhe conduzir a uma apoteose, tamanha é a sua gloriosidade - e este é apenas um dos vários casos.
O modo como a música atinge o ouvinte varia de pessoa pra pessoa, é claro, e é por isso que é impossível definir o que é "música boa" ou " música ruim". Se a interpretação é estritamente pessoal, é óbvio que não sou eu quem vou definir isso por você - justo eu, dos gostos musicais fechados. Mas o que estou querendo dizer é: não deixe a música morrer. A boa música, aquela que te completa, sacia, proporciona um prazer incomparável e - por que não? - lhe traz à tona reflexões mais profundas sobre a vida.