quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Queen II - o melhor álbum que você jamais ouviu.



Fala aí galera, tudo bem? Eu sei que o blog não tá mais com aquela constância de antes, mas sempre na medida do possível tento postar alguma coisa aqui. Dessa vez quero abrir a seção "resenhas", tecendo comentários críticos acerca de obras musicais e cinematográficas que eu amo. Também vai ser um espaço de divulgação, principalmente dos meus gostos musicais, que podem ser vistos como "heterodoxos". Não, não sou hipster, mas já disse aqui que meus estilos sonoros não são lá apreciados pelo grande público. Mas como vou mostrar aqui, até mesmo grupos conhecidos pelas massas têm seus momentos underground.

Queen é um ótimo caso disso. Afinal de contas quem nunca ouviu "We Will Rock You", "We Are The Champions", "I Want to break Free", "Under Pressure" ou outros zilhões de sucessos dessa banda maravilhosa? Mas por outro lado... quem já ouviu "The March of the Black Queen"? Se não, escute no link acima, e aí você vai entender quando digo que essa música tem vocais melhores do que "Bohemian Rhapsody".

O Queen é uma de minhas bandas favoritas. Tive contato com eles desde moleque, graças (como sempre) ao meu pai. Ele tinha o VHS (VHS!) do "Greatest Hits II", com os clipes de seus sucessos dos anos 80 e 90. Então tenho uma lembrança vívida de clipes como "The Invisible Man" e "The Miracle", entre outros. E é claro, ouvi "We Will Rock You/We Are The Champions" e "Bohemian Rhapsody" em milhares de lugares diferentes. Mas a partir do ano retrasado, quando descobri que eles estavam incluídos na categoria"Prog Related" no site ProgArchives (onde eu costumo escrever resenhas), decidi conhecer mais da banda. E putz, meu mundo mudou.

Apenas escute os cinco primeiro álbuns do Queen e compare com o material da banda nos anos 80, onde já tinham seu sucesso comercial e crítico. Caraca, são muito diferentes. Antes de tudo, eu digo que amo tudo o que a banda fez (exceto 80% de Hot Space e Flash Gordon), mas meu coração prog é mais afeiçoado ao material inicial. A criatividade e ambição da banda, bem como o som pomposo e extremamente bem-produzido que sempre foi a marca deles é ainda mais evidente em seus dois melhores álbuns: "A Night at the Opera" e "Queen II". Mas se ANATO é repleto de hits marcantes ("Bohemian", "Love of My Life", "You're My Best Friend"), "Queen II" é extremamente desconhecido. Não obstante, é pra mim a obra-prima da banda.

Como naqueles tempos idos da década de 70 o tipo de mídia eram os eternos vinis ("bolachões") a banda aproveitou isso nomeando o lado A do vinil de "white side" e o B de "black side". O lado branco é composto de quatro músicas de Bryan May e uma de Roger Taylor. Estas faixas seriam mais "convencionais", apesar de se ver um senso de coesão brilhante. 

Ele abre com Procession, um curto instrumental marcado por uma espécie de batida cardíaca (o bumbo da bateria, na verdade) seguido das geniais harmonizações de guitarra de May (que é um de meus guitarristas favoritos). Ela conecta-se à Father to Son e uau, que música é essa? As harmonias vocais pelo qual a banda sempre foi conhecida estão a pleno vapor, e May destrói na guitarra, como sempre! Se você acha que Queen é uma banda de pop/rock, eu te digo que eles são todos os gêneros possíveis, e é isso que os torna tão perfeitos.

White Queen (As It Began) é uma doce e melodiosa canção, com alguma trabalho acústico de May que muito se assemelha a uma cítara e Freddie como sempre brilhando nos vocais. Same Day, One Day é a primeira música da banda cantada por May e que ótima voz ele tem! Suave, em contraste com a voz poderosa de Mercury, e eu destaco o solo final de guitarra - ou melhor, de três guitarras sobrepostas. Afinal de contas, overdubs e paredes de som são sinônimos pra essa banda. Finalmente o lado branco termina com The Loser in the End de Taylor, com seu vozeirão rouco e agressiva - não era à toa que ele pegava alguma das faixas mais pesadas da banda, além de ter um falsete maior que o do próprio Freddie! Essa faixa é um hard rock mais convencional, destoando da temática fantástica do álbum, mas ainda assim é muito boa.

Eis que chega o lado negro.

Seis músicas, a maioria delas interconectadas, como se fossem uma só. Quer algo mais progressivo do que isso? Fruto da genial mente do Sr. Mercúrio, um de meus cantores favoritos, assim como de milhões de pessoas. Ele era o cara mais ambicioso da banda, e explode nossas mentes com o lado negro, que pra mim é o ápice de sua criatividade. Basta ver os efeitos da primeira faixa, Ogre Battle. Pqp! Os vocais são fora deste mundo, a instrumentação é pesadíssima - praticamente como se fosse um trash/speed metal antes que estes gêneros existissem. A batalha do título é trazida a nós ouvintes de forma fenomenal. Em seguida vem The Fairy-Feller Master Stroke, uma faixa pra lá de erudita com uso intenso de cravos, castanholas, o clássico piano da banda e é claro, nossas queridas harmonizações vocais. A próxima música é a curta Nevermore, apenas piano e voz(es), uma doce e bela balada que serve mais como um interlúdio.

E então chegamos no épico do álbum: The March of the Black Queen. Não há como descrever essa canção. São tantas mudanças, seções, elementos, variações... acho que tudo que posso dizer é que a escutam e saibam do que estou falando. Pra mim a obra-prima de todas as canções da banda, junto com a também épica The Prophet's Song do ANATO. Ela conecta-se à balada Funny How Love Is, que apresenta mais um grande trabalho de harmonizações, embora não possui grandes variações. E por fim temos a canção mais conhecida do álbum, o single Seven Seas of Rhye. Quem já ouviu o primeiro álbum da banda certamente conhece a versão instrumental dela (que é mais como uma "prévia", por assim dizer). Imagine uma canção épica de fantasia com menos de três minutos. Pois é, Queen sabe fazê-la. Essa banda é única, cara.

Pois então, é isso. Eu realmente não tenho palavras suficientes pra descrever o amor que tenho por esse álbum e por essa banda. Mesmo que eles tenham se "rendido" à fama (e ainda assim tornaram-se ainda mais mitosos) o melhor deles ainda tá lá no começo de sua carreira, na minha sincera e humilde opinião. Conheçam esta outra faceta do Queen!

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Destinos.

O mundo é regido pelo suave farfalhar do bater de asas de uma borboleta.

Suaves, gentis, ela conduzem o corpo deste pequeno inseto, levando-o pelo ar em sua jornada. Seja como um pesticida, seja como um polinizador, ele possui seu papel dentro do ciclo da vida, agindo com parcimônia, seguindo sua vida.

Por causa daquele bater de asas, provocou-se um tufão no Japão.

O movimento mais singelo, mais puro, acaba causando o caos. Gradativamente, paulatinamente, causa uma série de casos e ocasos, levando à tragédia. O simples fazer, o deixar de fazer, conduz a uma outra realidade. Aquele simples gesto traz complexas consequências.

Erros e acertos. Lógicas e emoções. Destinos. A natureza do ato, refletida em suas consequências. O teor da intenção, expresso nas linhas do destino. 

Eu penso em como a nossa vida é frágil e efêmera, moldada por nossas ações e por situações maiores do que nós. Somos senhores do nosso próprio destino, já ouvi dizer. É verdade? Quando olho pras tragédias que aconteceram de forma inexplicável, eu encontro outras respostas. Quem poderia dizer que aquele machucado ia gangrenar? Que aquele avião ia falhar? O que podemos prever em nossas vidas? Fazemos planos, e eles se tornam pó.

Não somos nada diante do acaso. Do Todo Poderoso Destino. Somos senhores do presente, e olhe lá. Acredito - e essa é uma ideia que tenho alimentado há algum tempo - que a vida, ou melhor, o futuro dela, é feito de inúmeras variáveis, uma para cada decisão que tomamos ou deixamos de tomar, uma para cada fato que está além de nossa interferência. E à cada escolha, à cada eventualidade, este número de variáveis se altera para mais ou para menos, indicando novas possibilidades a se viver. 

A vida segue, para além de nossa racionalidade e previsão. Porque ela é imprevisível, e é isso que a torna tão mágica e assustadora.