sábado, 10 de maio de 2014

Se.

Se eu tivesse feito meu macarrão no almoço não teria pago 10 reais num lanche.

Se eu tivesse escolhido não assistir de novo "Capitão América: O Soldado Invernal" (por mais perfeito que o filme seja) teria economizado 12 reais.

Se eu tivesse escolhido não ir pro shopping hoje poderia ter estudado.

Se eu tivesse escolhido não comer aquela tapioca no terminal ontem poderia ter pegado logo um ônibus pro centro e não demoraria duas horas pra chegar em casa, talvez.

Se eu tivesse ficado na UFS ontem ao invés de ir ao terminal do DIA e sofrer com toda a burocracia pra por créditos no meu passe estudantil não me desgastaria daquela forma, tanto física quanto emocionalmente.

Se eu tivesse acordado ontem às 6 e não às 9 talvez não teria enfrentado um dos piores dias da minha vida.

Se. Se. Se.

Quisera eu conhecer todos os meus possíveis destinos, todas as variáveis do meu futuro que erguem-se e caem a cada decisão que tomo ou que deixo de tomar. Quisera eu ver as consequências dos meus atos antes de tomá-los.

Ah, como tudo seria mais fácil!

"Se" e "poderia". Duas palavrinhas malignas que me perseguem. Sei que perseguem você também. Sente a culpa que elas também provocam em mim? Se sim, toca aqui bro. Você sabe como eu me sinto.

Culpa. Esse sentimento tão presente em mim. Cá estou eu, repetindo velhas ladainhas. Esse papo já deve ter cansado você, leitor. Eu sei, eu sei. Me cansa também. Queria que as coisas fossem diferentes. Queria ser alguém melhor. Mais maduro, mais responsável, mais proativo. Queria...

Eu estou de volta à Aracaju, e ainda não sei direito como me portar quanto a isso.

Estava tudo bem em Itapetinga. Essas semanas que eu deveria estar aqui, mas não estive por causa da incerteza de greve (que à essa altura nem sei mais se vai realmente acontecer), fizeram-me um bem maior do que eu esperava. Não vou citar os porquês. Só digo que não foi algo, foi alguém. Alguém(s).

Mas aí... chegou o dia de partir. Fui pego de surpresa. Já estava (mal) acostumado àquela rotina. Agora era hora de voltar a pegar no batente. Correr atrás do prejuízo dessas duas semanas, desse semestre. Encarar as responsabilidades que certamente não encontrava na casa dos meus pais. Foi a vida me dando aquele golpe na boca do estômago, e eu me rendendo, me rendendo ao meu eu falho...

Poxa, será que vai acontecer tudo de novo?

Não quero que meus dramas se repitam. Mas sei que depende de mim. Só que analisando esses três dias que já estou aqui parece que meus esforços de readaptação vão ser mais hercúleos do que imaginei. 

E aí entra o "se". Aí entra cada variável de minhas escolhas, as consequências delas. A mente me acusa, me faz ver onde estou errando, me inunda com a culpa. Mas cara, NÃO PODE FICAR SÓ NA CULPA! Entretanto é aqui onde paro, justamente onde deveria ser o ponto de viragem. Vamos Vinícius, vamos. Para quem você quer se provar digno?

A verdade é que nunca estamos satisfeitos conosco. E essa insatisfação nos faz crescer, mas também nos escraviza.

Nada sabemos.