sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

(E)ternamente contraditório.

"Nenhuma palavra pode fazer jus ao que sinto.
Nenhuma palavra jamais fez jus ao que sou."

Quando minha mãe me disse as mesmas palavras que vem me dizendo há mais de uma semana, eu senti raiva, eu senti angústia. Não apenas porque elas foram duras, mas principalmente porque foram verdadeiras. Cada uma delas. E isso me fez refletir, mais do que tenho refletido nesses últimos dias. 

Estes estão sendo tempos difíceis pra mim.

Me confidenciei a quem mais pudesse confiar, a quem julguei que fosse sábio pra me dar um conselho, e aceitei esses conselhos. Mas continuo o mesmo. Tão acomodado, tão... dentro de meu mundinho. Sem mover um dedo pra mudar essa realidade. As coisas vão mal na universidade no sentido notas, e eu sei o que tenho de fazer pra reverter a situação. Mas não faço.

Essa é a discrepância do eu. A (e)terna contrariedade, que urge ser superada, mas não é. Eu confesso: nunca senti tanta raiva de mim mesmo. Quer dizer, ao invés de estar aqui falando como sou acomodado, poderia estar fazendo algo pra ACABAR com esse comodismo. Mas convenhamos, é mais fácil falar. "Actions speak a little louder than words".

Será que depois de três meses e uma sequência de péssimas notas, ainda não me caiu a ficha de que esta é uma realidade dura? Parece que sim. Sei o que devo sacrificar, mas não quero. Posso, mas não quero. Nessas horas vejo o quanto ainda sou imaturo, e todo aquele discurso do "não sou mais quem eu era" era besteira. Invertendo o discurso: eu realmente não sou mais tanto como era antes. Mas estou longe, muito longe, de quem eu devo ser.

A verdade é que tenho medo. Medo de me deixar dominar por tanta inépcia que fracassarei quando tinha todos os meios para ser bem-sucedido. Eu quero dizer estas palavras temerosas para que no futuro, quando tiver realizado todos os sonhos que almejei, possa olhar pra esse texto e dizer "este tempo já passou". Mas por ora, me sinto tremendamente fraco.

Eu nunca olhei tanto para o alto. E nunca antes tão pouco mereci da graça e misericórdia divina. O Senhor não me responde como eu espero. Apenas ouço o silêncio - ou os conselhos de meus amigos eram a Sua voz? Meu coração, este poço de conflitos, hipocrisias, lucidez e devaneios, nunca foi tão pouco apto a recebê-Lo. Tenho consciência de meus erros. Mas como sempre, minha contraditariedade me leva a não corrigi-los. 

Pai, me dê ânimo! Te suplico algo, eu não sei o que é, mas é necessário para eu mudar. vergonha na cara? Tô precisando de muita. Uma dose de ânimo? Duas, por favor. Alguma coisa, alguma coisa me faça levantar, respirar fundo, fazer a minha prece e agir. Agir! Pelo meu bem, pelo bem da minha família, pelo bem dos que contam comigo.

Eu tenho um sonho paralelo ao de ser engenheiro: o de ser escritor. Quero lançar meu livro o quanto antes, fazer sucesso o quanto antes, vender minhas obras o quanto antes. Sempre foi pelo desejo de ser reconhecido, mas agora tem um motivo, um motivo importante, o mais altruísta de todos: ajudar meus pais com suas finanças, ajudar a pagar essa reforma que tanto sugou de nós (lembram de "Sete meses"?). De alguma forma compensar todo esse esforço que eles fizeram por mim. O modo como priorizam minha vida aqui em Aracaju me enche os olhos. Nada do que eu fizer poderá se equiparar ao amor deles.

Que me sustenta. Que me fortalece, e seja a dose de ânimo que clamo a Deus todos os dias. Este é o meu sonho, não? Sempre foi! Desde menino, quando desenhava meus mapas urbanos, os ônibus. A doce inocência destoante do que poderia ser considerado uma "infância normal" se converteu em um meio de se ganhar a vida. Mas este é o começo do caminho. Eu não posso lamentar agora quando as coisas tendem a piorar. Continuarei. Por meus pais. E pelo menino que fui, que ainda briga aqui dentro com o homem que tenho de ser. 

Porque é isso que sou. Um pé na dura realidade da vida, outra no mundo da lua, do escapismo. Mas preciso fazer com que os dois pés andem o mesmo caminho.

"Porque o Senhor dá a sabedoria; da sua boca vem o conhecimento e o entendimento.
Ele reserva a verdadeira sabedoria para os retos. Escudo é para os que caminham na sinceridade."

Então que eu possa aprender a ser mais reto dia após dia e obter a Sua sabedoria, meu Pai.

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

O Dragão Renasce e uma nova história me cativa.

Finalmente, após muitas idas à Saraiva (é o único jeito de ler livros na minha atual condição, and i regret nothing)eu terminei O Olho do Mundo. E preciso compartilhar todas as emoções que tive lendo essa obra fantástica com vocês.

Primeiro, deixe-me dizer que desde que li A Crônica do Matador Rei nenhuma série me chamara tanto a atenção assim. É uma coisa visceral, mais forte do que eu. Eu sabia que ia ler um livro incrível, e não estava errado. Os críticos que diziam ser essa a maior obra de fantasia desde O Senhor dos Anéis, eles estavam certos. Aliás, se você ama o universo de Tolkien vai amar A Roda do Tempo. Não, Robert Jordan não copiou a Terra-Média - há referências, situações, personagens, um bocado de coisas que lembram realmente LOTR, mas não ao nível de plágio, não mesmo. Ouso dizer que Jordan criou um mundo tão fascinante e complexo quanto, o tipo de universo no qual você imerge sem perceber e só quer saber mais e mais dele, vê-lo em toda a sua extensão. É absolutamente épico.

Devido a minha influência de ASOIAF, eu realmente fiquei extasiado quando soube que esses livros usavam o modelo de pov (point of view). Entretanto, isso é feito de uma forma diferente. 80% do livro é narrado por Rand Al'Thor, o protagonista, e só há uma mudança de narrador lá pra página 300, quando seu amigo Perrin e a Sabedoria Nynaeve também passam a narrar alguns capítulos. Imagino eu que os demais personagens (e outros por aparecer na saga)terão seus momentos  de narrativa nos próximos livros. (Ps.: o fato do livro ter terminado com uma nova narradora foi brilhante, e só me deixa ansioso pelas continuações).

Acho que nem preciso entrar em detalhes sobre a história. Mas ela é completamente envolvente, apesar do tamanho deste calhamaço. Segredos permeiam os personagens (alguns nem sabem de seus próprios segredos), o que é claro, te faz devorar ainda mais a história.A escrita de Jordan é sem igual, ao mesmo tempo em que revela uma simplicidade fascinante e envolvente também é bastante detalhista (sem soar chato ou excessivamente minucioso), mas como quer que seja ela é viciante. O modo como ele conta as histórias do passado deste mundo que criou é um dos pontos mais fortes do livro. Minha paixão por História faz com que eu seja cativado pelos contos dos grandes impérios e personagens mostrados ao longo d'O Olho do Mundo. 

E os personagens, mesmo que não exibam o "cinza" e as complexidades psicológicas dos de ASOIAF (que mantém-se no topo nesse quesito)são tremendamente apaixonantes. Como não se impressionar pelas habilidades do Guardião Lan, ou rir do mau humor constante de Nynaeve? Tremer diante dos sonhos com o Tenebroso, cujas poucas aparições já o firmam como um grande vilão da Alta Fantasia? Quero muito ver o que vai acontecer com nossos protagonistas e os vários coadjuvantes que aparecem e desaparecem.

Em suma, esse livro é uma obra-prima, altamente recomendada. Dá um pequeno calafrio de saber que vão chegar ainda mais 13 volumes, mas de onde quer que esteja meu saudoso Jordan, quero que saiba que você ganhou mais um fã.