sábado, 28 de fevereiro de 2015

Das cinzas, nasce a esperança.

Eu tirei o "aspirante a engenheiro" da minha descrição do blog.

Há alguns meses, jamais consideraria a hipótese de cursar algo que não fosse a engenharia. Há alguns meses, eu tive a esperança de poder continuar no curso numa situação melhor do que a com a qual o comecei, tendo encerrado um difícil mas em sua maior parte satisfatório segundo semestre.

Contudo, o terceiro semestre foi um terror. Um fracasso inominável, que pôs em xeque todas as minhas expectativas e esperanças para esse curso. A dúvida, a angústia, o desespero e a solidão batiam à porta dia após dia, manifestando-se em uma dor por vezes excruciante. Foi horrível. Eu estava quase a ponto de desistir.

Quando colei e fui pego naquela prova de Física, perdendo naquela matéria, percebi a que ponto tinha chegado. Eu não queria ser um aluno menos que medíocre. Como podia sobreviver nessa realidade? Como podia me rebaixar a esse tipo de pessoa? Será que era ali que eu devia investir meu potencial? 

Afinal de contas, eu estava no lugar certo?

Não.

Essa resposta não veio da noite pro dia. Levou um ano e três meses, propriamente dito. Quando meus pais estiveram em Aracaju finalmente nos acertamos. E pela primeira vez senti que a vida não se restringia ao curso que tanto quis por anos e anos. Como minha terapeuta falou recentemente, eu estava focado na pós-graduação em Engenharia de Transportes e ignorei o peso de trilhar os caminhos da graduação (e que também fui extremamente teimoso, prolongando o sofrimento no curso). Havia outras áreas aonde eu poderia trabalhar com o que eu queria. Geografia (na Geografia Urbana), o curso de Urbanismo na UNEB... eu não podia me limitar. Sem contar outras áreas aonde eu possa exercitar o meu verdadeiro dom: a escrita. Sim, a escrita. No fim das contas ela venceu.  

É difícil, até mesmo estranho, me equiparar agora com quem eu era há uns dois ou três meses atrás. Tenho encontrado a paz. Ter a coragem de largar esse curso, contra tudo o que possam achar de você ("Vai largar a Engenharia e ir pra Humanas? Vai morrer pobre" e etc.), significou tirar um fardo de minhas costas que estava me consumindo, me destruindo. O próximo passo, tão doloroso e difícil quanto, foi deixar Aracaju: deixar lá meus amigos, minha igreja, toda a vida que estava construindo lá. Não foi uma coisa fácil, pois eu amo essa cidade e as amizades que fiz lá. Mas olhando agora, para a vida que estou retomando em Itapetinga, vejo que foi a melhor atitude. E quem disse que se trata de um "adeus"?

A vida é uma coisa engraçada. Da tragédia, encontrei alegria. Do choro, encontrei riso. É bom estar de volta à casa. Ainda sinto saudades. Ainda queria continuar essa jornada com meus colegas da Engenharia, ainda queria crescer espiritualmente no serviço com meus irmãos adolescentes da igreja. Mas neste novo tempo, busco o verdadeiro caminho pra mim. Buscando ser menos do que eu era, e mais do que posso ser no Pai e em sua Verdade. Sou falho, imperfeito. Vivo com conflitos diários. Posso ser o maior inimigo de mim mesmo. Sofro de uma passividade por vezes auto-destrutiva. De uma carência no campo sentimental. Pra tudo isso há o porto seguro do lar, dos meus pais e amigos. Pra isso há a terapia. Mas acima de tudo, para todos esses problemas há a solução na presença do Eterno. Nele sou verdadeiramente feliz. Nele tenho a paz que tenho almejado.

É um novo tempo. Uma nova realidade. Meu período em Aracaju não foi em vão. Por intermédio do que aprendi dele, tenho certeza de que posso fazer as coisas diferentes. E o que tenho lá não será esquecido. 

Pois agora, na esperança que deposito aos pés do meu Senhor e Redentor, busco a certeza do caminho aonde crescerei e me realizarei.