segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Quando eu era menino falava como menino, sentia como menino, discorria como menino.

"...mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino."  1 Coríntios 13.11

Eis que me torno um homem aos olhos da sociedade. Se para os judeus o rito de passagem para a maioridade é aos 13 anos para os meninos (com a cerimônia do Bar Mitzvah) e 12 para as meninas (Bat Mitzvah), para mim são várias felicitações no facebook. De alguma forma eu esperei por esse momento, pela chance de ser legalmente responsável por mim mesmo. Onde pudesse fazer as coisas sem depender de um maior ou responsável. 

Bom, é claro que ainda sou bastante dependente. Mas certamente estou longe de ser quem eu era.

Como Arya Stark em Braavos, cada dia é um aprendizado novo pra mim. Uma responsabilidade, um dever, uma mudança. Aquilo que somos, aquilo que nos impedia de seguir nossos caminhos, é extirpado dia após dia, um pedaço aqui, um pedaço acolá. Lenta e vagarosamente, sou cauterizado da figura acomodada que era, em busca de ser alguém que precisa tomar a iniciativa das coisas. Eu preciso ser esse alguém, do contrário como sobreviverei sozinho?

Eu sei que é cedo pra dizer que mudei completamente. Muito cedo, aliás. Cara, ainda sou deficiente em tanta coisa. Sem um avô pra te acordar pontualmente às seis da matina, a única pessoa que pode fazer isso por mim sou eu mesmo. Putzvelho, não é fácil, confesso. E sou de uma preguiça tamanha... com um curso à tarde e tendo de estudar pela manhã, nego que passou um ano de bobeira descobre que vai ter de ralar muito ainda pra criar sua própria rotina. 

Mas felizmente não estou desamparado. A quantidade de gente que me acolheu aqui em Aracaju... gente da igreja, da família de Dona Edite, minha senhoria... nossa, sou eternamente grato. E é claro, as ligações diárias pra Itapetinga. Não posso perder as raízes, já disse.

Enfim, é isso. Quando este dia começou, eu não tinha digerido que estava ficando mais velho, "mais perto da morte". Não foi um grande choque, foi apenas... mais um dia. A mudança não se resume a hoje, é maior, mais lenta e gradual. Já ocorre há algum tempo. E quando acabará? Eu não sei dizer. Mas cada dia é mais diferente do outro, mais... velho. Inexoravelmente avançamos pro fim com a certeza de que fazemos nossos meios.

E crescemos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário