terça-feira, 18 de março de 2014

Fútil.

Ontem fui conversar com um amigo da família, Ricardson, que é psicólogo. Semana passada já tinha ido ter um encontro com ele, discutir acerca de todas as coisas pelo qual passei nesse semestre, as dificuldades que encarei, os erros que cometi. Por isso quando voltei lá ontem, me perguntei: "já comentei tudo o que tinha pra comentar. Do que vou falar agora?". Surpreendentemente, descobri que tinha muito do que falar.

Tenho passado muito tempo na internet - mais especificamente, no facebook - e isso não é bom. Até porque esse foi um dos principais fatores que contribuíram pro meu desempenho abaixo do medíocre nesse primeiro período e me levou a perder em mais da metade das matérias, praticamente atrasando meu curso em um semestre. Eu não consegui lidar com o vício depois de um ano me afundando em ócio até as aulas na UFS começarem e isso trouxe sérias consequências. Prometi a mim mesmo que mudaria isso nas férias, mas não é o que vem acontecendo.

Eu tinha acertado com meus pais que usaria o computador somente em um turno do dia, mas afora em alguns dias em que as circunstâncias me levaram a usá-lo em tempo reduzido não consegui sequer cumprir esse "acordo". Às vezes é cansativo discutir com eles por causa do tempo que estou aqui, mas o que me dá raiva é saber que estão certos. Não por causa deles, mas por causa de mim.

Porque às vezes sou fútil feito a desgraça.

Porque eu sou (e)ternamente contraditório. Mas cada vez vejo que não há nada de terno nisso. Não em viver nessa dualidade, mas por alimentar o lado que não deveria ser alimentado. Por negar a ouvir aquela vozinha do bom-senso que lhe alerta dia após dia de que a vida não é só esse computador, de que há algo lá fora - mesmo nesta maravilhosamente insossa Itapetinga. Hoje minha assinatura do Office expirou e eu não posso mais escrever meu livro; só no caderno agora. Seria um sinal divino pra fazer algo que não seja estar nesse notebook? Nem duvido, viu.

Eu odeio toda essa superficialidade que confronta a minha hábil percepção das coisas do mundo, do modo como analiso e entendo a realidade à minha volta. Como pode alguém ser tão profundo e banal ao mesmo tempo? O cara que se dispõe a essas análises aqui é o mesmo que sente vontade em pegar a porcaria de celular que tem e jogar na parede, pisá-lo e destruí-lo. Mas que não pode fazer isso porque sabe que os pais no momento não tem nenhuma condição de dar um melhor.

Eu me odeio por ser um cara geralmente tão tranquilo e conseguir perder a cabeça por coisas tão idiotas. Dentro de mim fumega um ser que às vezes é muito inconstante, em uma eterna luta para se sobrepor à superficialidade e viver a vida sem se deixar incomodar por coisas tão efêmeras. Não é a vida mais do que isso? "Não é a vida mais do que o mantimento, o corpo mais do que o vestuário"? Então porque se deixar dominar por tamanha futilidade? Que se estende desde o desejo de ter um celular melhor tanto porque o seu está com problemas ou porque se sentiu alienado tecnologicamente diante dos colegas de universidade e seus smartphones? 

Há um orgulho latente dentro de mim, um orgulho do que pouquíssimos tem (ou tinham) conhecimento. Há um tanto de inveja. Um bocado de baixa auto-estima, sensação de inferioridade, indisposição, preguiça. Futilidade. Há uma miríade de defeitos, mas isso me torna mais digno de pena do que outras pessoas? Cada ser humano é único, em suas qualidades e defeitos. Sei que de alguns destes jamais me livrarei, são tão parte de mim quanto as virtudes que busco (ou buscam) ressaltar. Mas eu sei em quem tenho crido. E sei que conversando com as pessoas certas, usando os recursos, posso ser diferente. Ser mais do que tudo isso.

2 comentários:

  1. Aaaaaah, esse texto pegou bem lá na minha alma UASHAUH

    Estou meio viciada em facebook também, e vim acertar isso recentemente. Eu cheguei a um ponto de esquecer totalmente a minha vida real, pra viver uma vida virtual, com os grupos do fb, com as páginas, conversando com velhos e novos amigos virtuais, cheguei até mesmo ao ponto de sobrecarregar uma pessoa com meus problemas, porque passei a confiar apenas nela.
    Aos poucos estou retornando a minha vida real, saindo com amigos de perto, me divertindo fora da internet, mas vejo que tenho muito o que fazer ainda.
    desculpe o desabafo -qqqqqq


    Desejo-lhe sorte, nos estudos, no seu livro, na sua vida, e que consiga usar a internet por um tempo razoável, sem prejudicar sua vida, seus estudos, e seus projetos!!!!

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    1. Obrigado Taina, e desejo essa mesma sorte a você também!

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