quarta-feira, 19 de março de 2014

Gnothi Seauton.

"Conhece-te a ti mesmo". De certa forma, é o que eu tenho buscado fazer desde o ano passado. Na lista de "coisas que eu conversei com Ricardson", essa brevemente veio à tona. Fazendo uma análise em retrospecto vejo que sei mais de mim do que sabia há um, dois anos atrás. No Ensino Médio, isso nunca passou pela minha cabeça - compreender minhas nuances, minhas virtudes, meus defeitos. Aproveitar meu senso aguçado de observação, a minha mente extremamente fértil, a minha história de vida, em favor de mim mesmo. Mas agora faço, e é engraçado, porque pareço ainda longe de me entender como um ser completo.

Como um amigo meu me disse: " a gente é menino". Uma frase simples, mas que revela uma profundidade surpreendente. Me vejo, nestes pouco mais de 18 anos, com tantas ambições, sonhos, planos. Eu nunca me vi como alguém vivido, repleto de experiências marcantes - pelo menos não num sentido físico -, mas ontem Rica me disse algo que me marcou: como ele estava impressionado por minha rica vida. Puxa, eu não esperava isso. Mas considerando o quanto sou bom em me diminuir, não é de surpreender que as pessoas me vejam com outros olhos, não?

Bom, na verdade é. Vejo que se trata de algo que vai perdurar por muito tempo em minha vida, talvez ao longo de toda ela. Não diria que todo o meu ser, minhas experiências, meu eu gira em torno dessa visão às vezes tão diminuída de mim, mas a julgar pelo meu traço de personalidade, até pelo significado do meu nome - sim, fui atrás dessas coisas (só não vi signos porque não acredito em signos) - é sim um fator impactante e que revela muito da minha pessoa.

Outra coisa engraçada é que parece que eu atraio uma "aura de bullying" comigo - sendo geralmente o mais zombado dentre o círculo de amigos que frequento, onde quer que esteja. Assim tem sido na universidade, mas o modo como eu lido com isso lá é muito diferente da escola. Não me deixo abater nem nada: zombo de meus colegas, faço um baita dum humor auto-depreciativo, rio das brincadeiras que fazem. Acho que isso reflete uma maturidade em mim que não encontrava em tempos passados. A habilidade de não se deixar abalar.

E perceber que no fim, o maior obstáculo pra você é você mesmo.

Penso muito. Sério. Acho que minha mente funciona duas vezes mais do que a das outras pessoas, não tem cabimento. Crio situações irreais na minha cabeça, invento conversas, penso em coisas que poderiam ter acontecido mas não aconteceram, me distraio com uma facilidade enorme. Sou tremendamente criativo, e claro que isso é uma coisa boa - ainda mais para alguém apaixonado pelo ofício da escrita. Mas o fato de pensar em tantas coisas absurdas já me fez passar por algumas situações constrangedoras, como ficar alguns dias sem falar com a ex por ela não ter te respondido - e aí entra a questão de falta de iniciativa (afinal de contas, só ela tinha de vir falar comigo?) e orgulho (não, eu não vou puxar conversa; ela deve fazer isso).

Às vezes sinto que exagero demais minhas problemáticas. Como se o que importasse no mundo fosse resolver apenas meus conflitos internos, nada mais. E sinto que isso é de certa forma tão mesquinho e egoísta que chega a ser repulsivo. Falei no post anterior da futilidade que ronda a minha vida, como luto contra ela - ou devia lutar. E comentei como era tão parte de mim quanto os demais defeitos e virtudes. Eu não me imaginava fazendo esse post, mas as palavras gregas me vieram à cabeça e cá estou eu. Porque este blog foi criado para que pudesse expressar acerca de quem sou e do que penso. E me sinto livre pra fazer isso sem um peso na consciência, sem temer estar sendo expositivo demais acerca da minha vida. 

Tempos atrás uma amiga minha me elogiou pela sensibilidade que eu tinha em perceber as coisas à minha volta e no meu modo de ver o mundo, lamentando-se que pouquíssimas pessoas no mundo fossem assim. Fiquei encantado com isso, especialmente porque nós dois temos muitos pontos em comum. E me faz ver que não estou sozinho. Eu não encaro essa "sensibilidade" como algo ruim, de jeito nenhum (e se você, babaca, encara como algo "afeminado", o problema é seu). É uma das melhores coisas que descobri sobre mim. E dia após dia, nestes inesperados caminhos da vida, conheço mais de mim mesmo e sei que muitos se sentem isso. Sou menino. Tenho muito a viver, se Deus quiser. E muito a oferecer a este mundo.

2 comentários:

  1. Momento que descubro que você, assim como eu, inventa diálogos, situações, e fica imaginando coisas que talvez nunca vão acontecer. Achei que eu fosse meio paranóica.
    Não que isso seja bom, mas é bom saber que mais pessoas sejam assim, e seu texto me abriu os olhos pra uma coisa: talvez eu tenha criatividade, exatamente por ser assim, o que me faz pensar que, ás vezes alguns defeitos, nos ajudam a ter algumas qualidades.

    A cada texto pessoal que leio, me mostra como estou certa em admirar uma pessoa que consegue enxergar os defeitos, e tenta consertá-los, na medida do possível, por mais difícil que seja!

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    1. Nossa, e no meu caso é admirável ver que mais uma vez compartilhamos algo em comum! Fico encantado com isso!

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