domingo, 27 de julho de 2014

"There is no rock in this world but our God."



"Ações falam mais alto do que palavras."


Como descrever a importância do Petra pra mim e pro rock cristão em geral? Uma banda que, nos idos de 1970, usou um estilo musical tido como "do diabo" para, vejam só, falar de Deus e da Palavra. Foram necessários mais de dez anos para o Petra obter o reconhecimento comercial e crítico de que eram dignos. Reconhecimentos esses obtidos definitivamente com Beyond Belief, seu registro mais aclamado e frequentemente considerado sua magnum opus.

Meu pai costuma brincar dizendo que ele perdeu um show do Petra em 1995 por causa do meu conhecimento. Felizmente isso foi compensado tornando seu filho um fã da banda. Mas assim como aconteceu com o Queen há dois anos atrás, mesmo conhecendo a banda há tanto tempo só nos últimos meses (graças ao Spotify) tenho realmente adentrado o universo de seus discos, seus shows, suas letras. Todo aquele amor que tive pela banda cresceu e cresce exponencialmente.

A frase que inicia esse texto é tirada da letra da música Seen and Not Heard, e para aqueles que acompanham meu blog ou até me conhecem pessoalmente, devem achá-la familiar. Pois bem, aprendi-a com meu "painho" Zica (na versão "aquilo que você faz fala mais alto do que aquilo que você fala") e a tomei como um lema para minha vida, um princípio moral, um norte. Ontem, eu estava no subway com meus colegas e sem saber como a discussão foi parar em religião. Eu e mais dois tentávamos convencer o outro acerca da importância do cristianismo. Mas nossas palavras não foram suficientes. Então eu lancei a ele, "espero que meu exemplo de vida fale mais a você do que o que eu digo". Ou algo assim.

Sabe, enquanto que eu sempre me importei mais com a música do que com a letra, nos últimos tempos sinto que não posso aplicar isso à música cristã. Não quando não sinto Deus falando naquela canção, quando me canso dos clichês "gospels". E meu amigo, se tem uma coisa no qual o Petra sabe ser excelente além de sua musicalidade é em suas letras. Claro que as traduções não podem ajudar, mas Bob Hartman, guitarrista e principal compositor/letrista da banda ao longo de seus quarenta anos de história, sabe como poucos trazer para as canções da banda a essência da Verdade, do Evangelho. Que quando têm de ser críticas são, que quando têm de ser gratificantes ou confessionais, também são.

Se tudo o que eu disse te convenceu a ouvir a banda, comece por Beyond Belief. Se não, escute-o do mesmo jeito e tire suas próprias conclusões. 



É impossível não sentir aquele "instiga" a gritar "hey-ey-hey-ey-ey" que surge nos primeiros segundos de Armed and Dangerous, a primeira música do álbum. Uma deliciosa mistura de hard rock com AOR (Adult-Oriented Rock), gêneros que dominaram os anos 1980 e são plenamente evidentes aqui, mesmo que seja uma obra de 1990. Estamos diante de um hino de guerra, uma convocação nítida em suas letras: "The enemy will tremble, as young and old assemble, a mighty army up in arms". É uma música que resume o tom do álbum, especialmente na sonoridade: os vocais poderosos do sempre sensacional John Schillit, a guitarra tão pesada e melódica de Bob Hartman, o baixo pungente de Ronny Cates e o dinamismo dos teclados "80-nescos" de John Lawry com a bateria memorável de Louie Weaver (são eles dois quem mais contribuem pro aspecto AOR do disco). E a partir daí as coisas só melhoram.



Em seguida vem uma das minhas favoritas de sempre, I Am On the Rock". Sim meu leitor, foi da letra dela que saiu o título deste texto. As letras falam das dificuldades que enfrentamos no mundo, das adversidades que surgem em nossas vidas e que podem sim nos fazer desanimar e perder a esperança; no entanto, se estamos firmados sobre a rocha viva que é Jesus não há o que temer (em tempo: Petra é rocha em grego). Eu amo o riff de guitarra nesta canção, os solos excepcionais de Hartman e novamente me sinto instigado a cantar com os membros da banda as letras. 



Eis que chega Creed. Cara, o que dizer desta canção. Muito provavelmente a declaração de fé mais poderosa, pungente e assombrosa que já vi em toda a minha vida. Creed é credo em inglês, e é disso que ela trata em suas letras, começando por palavras tão arrebatadoras como essas: "I believe in God The Father, maker of heaven and earth, and in Jesus Christ, his only Son, i believe in the virgin birth". Cantadas por um infalível John Schillit, elas são acompanhadas de teclados atmosféricos, seguidos de um baita baixo e bumbo antes que guitarra e bateria completa entrem, trazendo o peso devido a essa música tão maravilhosa. 

"This is my creed
The witness I have heard
The faith that has endured
This truth is assured
Through the darkest ages past
Though persecuted, it will last
And I will hold steadfast to this creed"(8)



A quarta música carrega o nome do álbum e, ah... Pode existir outra mais clássica (indagação difícil num álbum de tantos clássicos pra nós fãs)? Mas caramba, aquele riff que abre a música é eterno. Sempre abro um sorriso quando na minha playlist random ela se inicia. Acho que só esse sentimento que ela me passa, desde seu título ("além da fé"). Porque você sabe né, a fé é o fundamento das coisas que se esperam e a prova das coisas que não se veem.

"There's a higher place to go, beyond belief, beyond belief
Where we reach the next plateau, beyond belief, beyond belief"(8)


E assim, encerrando essa primeira parte de minha longa resenha sobre esse disco (que eu não esperava que fosse ficar tão grande, mas é sempre a mesma coisa quando escrevo no blog), falarei da música que encerra o lado A do disco (sim, ele foi lançado ainda na época dos vinis). Seu nome é nada mais do que "Love". Você pode pensar que essa vai ser uma baladinha oitentista meia-boca, mas se Creed é uma declaração poderosa de fé, Love é uma declaração poderosa de amor. E não qualquer amor, mas o ágape, aquele que faz um Pai entregar seu Filho por amor de toda a humanidade. O amor que vemos em I Coríntios 13, aquele que é paciente, bondoso. 

"In this world where push turns to shove
We have strength to rise above
Through the power of His love"Toquem essa música no meu funeral, por favor. Mais importante: VIVAM essa música, dia após dia.(continua na parte 2...)



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