terça-feira, 15 de outubro de 2013

Aos mestres, com carinho.


Neste dia de 15 de outubro estou sendo levado a algumas reflexões interiores, daquelas que me surgem de vez em quando. Já parabenizei os membros da minha família que exercem a função de professores, mas não posso parar por aí.

Exemplos que vêm de casa

A educação sempre esteve presente aqui em casa. Minha mãe e meu pai são professores, de geografia e música, respectivamente. Somos uma família simples, não sem suas dificuldades, e já falei de algumas delas aqui ("Sete Meses"). Como tal, eu vi minha mãe e vários de seus colegas padecerem por causa de um governador descarado que tá pouco se lixando pra educação. Claro que ele não é o único. A educação é um problema sério em todo o país.

E ainda assim eles são o que são.

Dentre todas as coisas que eu posso ter orgulho dos meus pais, essa nunca foi algo que eu levei muito em consideração. Olhando em retrospecto, o fato deles serem professores nunca me foi visto como algo de mais. Deus, como eu errei nisso. Caramba, seria "apenas" uma profissão? Analisando os protestos dos professores no Rio, os pisos salariais miseráveis, o descaso com as escolas, a violência e a ignorância dos alunos, ser professor é realmente "apenas" uma profissão?

Para aqueles que se tornaram meus amigos

Agora olho para a realidade dos meus anos estudantis. Sempre estudei em escola particular. A realidade da pública, do descaso, isso eu nunca vivi. Na boca, sempre a palavra jocosa, a piadinha com a educação dos colégios públicos. A realidade cruel estava longe de mim, nunca me tocou.

Como é fácil nos sentirmos bem quando não sofremos tais males.

Dentro da realidade que eu vivi ao longo desses quatorze anos de ensino fundamental e médio, bom, eu nunca fui um aluno problema. Não dava dor de cabeça. Modéstia à parte, fui um "aluno exemplar". Isso não quer dizer que não houve atritos algumas vezes, ou que eu não cheguei a ir com a cara de algum docente. Especialmente no médio tinha sempre aquele ou aquela que detestava pra caramba, que achava um péssimo professor(a). A gente é humano, ué.

Por outro lado, com outros desenvolveu-se aquela camaradagem, uma "brodagem" além da simples relação aluno-professor. No meu caso, é engraçado avaliar a relação que eu tinha com Jesse, meu professor de física e o mais temido por todos. Experimenta tirar uma dúvida com ele, sacana, que cê vai sair chorando. E no entanto, eu tinha culhões pra perguntar a ele sem temer represálias ou até mesmo rir de sua cara. Sabe por quê? Porque fui pra recuperação de física no 1º ano. É, traumático. Esta e a de química naquele ano são as manchas no meu currículo escolar. Mas saber que ele acreditava que eu tinha potencial para ir além e tirar ótimas notas - como de fato aconteceu no ano seguinte e em menor escala no terceiro - mudou tudo. A ponto dele ter ido me cumprimentar por eu ter passado numa prova onde quase todo mundo perdeu. Uau, aquele gesto foi altamente significativo. Cada pequena vitória em física significava algo mais, e hoje posso dizer que realmente gosto pra caramba de Jesse.

No entanto, os professores mais camaradas que eu tive foram Sílvio Márcio, de Matemática, e Paulo Nascimento, de Geografia - minhas duas matérias preferidas (junto com História). Enquanto Sílvio (assim como professores mais antigos) foram colegas de trabalho da minha mãe no Colégio Modelo e no Savina, onde estudei, ela foi professora de Paulo na universidade. Era impossível não aprender com eles. E no caso de Paulo ainda aprendíamos Filosofia e Sociologia, e se há um cara que respeito pelas suas visões de mundo é ele. Me ensinou muita coisa. Aquela amizade que cê quer levar pro resto de sua vida, bater um pao existencial, falar de cultura pop e qualquer outra coisa, porque existe essa liberdade e esse respeito mútuo.

Conclusão e pensamentos finais

Na ficção temos vários exemplos de grandes mestres. Meu favorito é com certeza John Keating de "Sociedade dos Poetas Mortos", um dos meus filmes favoritos. É seguro dizer que tive alguns "John Keatings" em minha vida, seja na escola, seja em casa ou em outros lares da família. Como minha tia lindamente me disse: "Todos nós em algum momento somos educadores Vi... sempre que ensinamos o bem àquele que está ao nosso redor."

Um comentário:

  1. Cara, fantástico! Você sempre sabe explorar o melhor de suas experiências!!

    ps:. tenho orgulho de ser aluno de sua mãe e retransmitir o que ela (e a minha) me ensinou ser professor!

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