domingo, 1 de setembro de 2013

A sétima arte.

Hoje vou falar de cinema. Não especificamente de um filme, mas da sétima arte em geral, cujos primórdios estão lá nos fins do século XIX com o cinetoscópio de Thomas Edison, passando por "A Viagem de Trem" de 1895 dos irmãos Lumière que é definido como o primeiro filme da história, até os dias de hoje, com os blockbusters, a onda de adaptações e a carência de criatividade em Hollywood.

Sempre amei filmes. Desde moleque. Uma boa aventura despretensiosa me satisfaz plenamente. Ironicamente, enquanto na música e na literatura eu tendo a fugir de "modinhas" ou de padrões mainstream (especialmente na música), no cinema eu sou assumidamente fã de blockbusters descerebrados e caóticos, mais cacofônicos do que dotados de algum sentido. Sou fã do Michael Bay, me julguem. Claro que meu gosto não se restringe apenas a isso: gosto de quase todos os gêneros cinematográficos, com exceção do drama e terror (suporto até uma comédia romântica, desde que não seja "blé" demais). Lembro-me de que quando era mais novo apostei com um colega quem tinha assistido mais filmes, fazendo nossos registros em cadernos. Creio que ele nem se lembra mais disso, mas eu continuei até hoje, tendo contabilizado mais de 1200 filmes! A maioria composta pelo que se pode chamar de "lixo cultural hollywoodiano", mas tô nem aí. Pra um cara cujo filme favorito é "Kung-Pow: O Mestre da Kung-Fusão", acha realmente que isso importa?

Ao longo de seus oficiais 118 anos de história o cinema revolucionou-se e revolucionou o mundo. Uma obra cinematográfica pode ser feita apenas para rir e nada além disso, mas outras podem conduzir a uma experiência reflexiva e até mesmo catártica. Quantos filmes são tão poderosos em suas mensagens que você os leva pro resto de suas vidas? Pra mim existem dois: "Sociedade dos Poetas Mortos" e "As Vantagens de Ser Invisível". O primeiro é o filme mais lindo que já assisti, com uma mensagem poderosíssima que vai muito além da clássica frase dita pelo personagem icônico de Robin Willians: "Carpe, carpe diem, colham o dia garotos, tornem extraordinárias as suas vidas." O segundo, além de ser uma das mais competentes e fiéis adaptações de um livro que eu já vi (principalmente porque o próprio escritor, Stephen Chbosky, foi o diretor e roteirista), mas trata de temas muito pertinentes à adolescência: a necessidade de aceitação, os conflitos internos, a introspecção, sendo este último aquele com quem eu mais me identifico.

Então, como se vê, o cinema não está aí "apenas" como função de entretenimento. Um filme pode muito bem apresentar novas ideologias, criar tendências de comportamento, transformar pontos de vista... ou apenas divertir e te fazer rir, ou fazer por merecer o ódio do telespectador. Contudo, temos visto uma tremenda artificialização da sétima arte nos últimos tempos. Não me refiro a CGI, efeitos especiais, aspectos técnicos em si: é como se a criatividade tivesse morrido em Hollywood. Temos visto uma inversão de papéis onde a televisão, os seriados, são o motor criativo, o espaço pra novas ideias e possibilidades. Enquanto isso o cinema se prende a maneirismos e "dogmas" conservadores, não permitindo mais se inovar. Nesse caso me refiro ao cinema voltado ao grande público, porque se você olhar nos meios "undergrounds", mais desconhecidos da grande mídia, há sim gênios com roteiros brilhantes, desafiadores e complexos, mas que simplesmente não tem espaço para terem suas ideias exploradas pelos estúdios. Essa onda não é exclusiva do cinema: vê-se na música e em outros campos culturais. Essa artificialização da mídia em geral seria no caso um reflexo da própria artificialização da sociedade? Algo me diz que a resposta é sim.

Contudo não se pode afirmar que o cinema morreu. Se em determinados momentos ele estava à frente do seu tempo e em outros foi um reflexo do próprio tempo, isso só tende a importância da sétima arte em nossas vidas. E creio que, mesmo com a constante evolução da tecnologia, facilitando o acesso aos filmes em mídias portáteis e outros meios, nada substituirá uma ida a aum cinema e se ver tomado de uma gama de emoções, assim como aqueles parisienses que em 1895 se assustaram ao pensarem que o trem sairia da tela e cairia neles. É uma experiência que jamais será nostálgica, e eternamente gratificante.




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