sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Desta eterna luta entre o espírito e a carne.

Não pense que eu nunca desejei você, meu amor. Que eu era um frígido, incapaz de me sentir sexualmente atraído por uma mulher. Desejei você inúmeras e inúmeras vezes, amei o amor eros, do homem pela mulher. Ao contrário do que você pensa, eu não fui educado para apenas expurgar esses desejos de mim, porque eles ocorrem naturalmente com o tempo, são intrínsecos das pessoas. Mas uma máxima da minha vida é "tudo me é lícito, mas nem tudo me convém". Não era questão de expurgar meus desejos, mas lidar sabiamente com eles e corrigi-los se eles interferiam na minha espiritualidade.

Deus, como as pessoas tem uma mente fechada a respeito da minha fé.

São os mesmos discursos, o mesmo blá blá blá, a mesma incompreensão de sempre. Conhecimentos pré-programados acerca do que um cristão faz, pensa. Essa ignorância não é melhor do que a do cristão intolerante para com as outras religiões. Um dos principais aspectos controversos é a respeito do sexo. O sexo, que é um fator santo dentro do casamento, o efetivamento de um compromisso diante de Deus. É uma coisa muito mais pessoal do que religiosa. 

O sexo, banalizado, generalizado, epítome da incessante busca pelo prazer nos tempos modernos. Que perdeu sua essência "santa" apregoada no cristianismo para se tornar o símbolo da carnalidade e da concupiscência humana.

Então é isso: sou conservador pra caramba aos olhos do resto do mundo e cada dia que passa esta escolha revela ter um peso ainda maior. Eu te digo, meu amor, que não me arrependo desta escolha e que não mudaria dela nem mesmo por você. Mas a minha mãe estava certa: se mantivéssemos nosso namoro e nos encontrássemos, ninguém poderia dizer o que ia acontecer entre nós dois. A saudade de um relacionamento a distância, associada a essa libido, resultaria em loucuras. O desejo de engolir um ao outro, uma paixão ardente, explosiva, matar todo o tempo sem se ver.

No meu íntimo, eu realmente pensei que você um dia deixaria de querer o sexo antes do casamento, mas era um sonho idiota e desrespeitoso. Idiota porque "o amor é uma coisa doce, mas não muda a natureza de um homem (ou mulher, neste caso)", e desrespeitoso porque era uma clara afronta ao seu livre-arbítrio, ao que você pensa a respeito do sexo. Eu não podia dar conta de tamanha paixão dentro de você, te desapontaria. Ou iria contra meus princípios e atenderia ao que minha carne tanto clamava.

Então, no fim das contas este era mais um ponto em que nós não concordávamos, mais uma razão pelo qual nosso relacionamento não iria pra frente. Talvez a questão mais sensível, onde nenhum estava disposto a ceder pelo outro. Eu te devo desculpas, de certa forma. Mas vendo alguns de seus comentários num post antigo me fez subir a raiva e vomitar essas palavras, num ato um tanto inconsequente, um tanto necessário. Como você mesmo disse, "talvez duas pessoas estejam destinadas a se apaixonarem, mas não a ficarem juntas no fim". É essa a nossa história. A nossa sina.

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