quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Nós, sepulcros caiados.

"Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que sois semelhantes aos sepulcros caiados, que por fora realmente parecem formosos, mas interiormente estão cheios de ossos de mortos e de toda a imundícia.

Assim também vós exteriormente pareceis justos aos homens, mas interiormente estais cheios de hipocrisia e de iniquidade." Mateus 23:27-28


Eu sempre fui atraído para esse conceito dos "sepulcros caiados" que Jesus menciona na Bíblia. Ainda no espírito da minha mensagem de terça eu queria fazer um post direcionado aos cristãos, mas que é pra ser lido por todos. Afinal de contas a hipocrisia não é um problema restrito a um grupo religioso.

Como nós, cristãos, temos sido vistos nos dias de hoje? Acho que a resposta todos sabemos - e detestamos. Estes são tempos difíceis, aonde nossa imagem está sendo conspurcada por sub-grupos minoritários e a moralidade se torna cada vez menos é vista como via de regra. Porque enxergar com bons olhos uma Igreja que no passado perseguiu, oprimiu e alienou e agora rouba, estupra, corrompe ao invés de apresentar uma conduta que esteja em consonância com seu discurso? Se eu estivesse lá fora não respeitaria gente assim.

Mas estou aqui dentro. E sendo assim faço parte dos que sou julgados, analisados, pesados. As pessoas têm a incrível habilidade de escancarar os defeitos umas das outras, como muito mais ferocidade e rapidez do que em relação às qualidades. À sua primeira queda, e as pedras estarão prontas para serem lançadas contra você. Críticos não faltam no mundo.

A minha intenção aqui não é fazer papel de vítima, de um injustiçado perante as críticas mordazes do mundo, até porque eu não sou melhor que ninguém. Também tenho minhas hipocrisias, meus desvios de conduta. Quando alguém chega pra mim e me diz que sou "santo", elogia o meu caráter, eu fico ao mesmo tempo enrubescido pelo elogio e no íntimo envergonhado porque certamente aquela pessoa não sabe de algumas das minhas falhas. 

"O coração é quem faz o caráter" Eça de Queiroz

Os judeus sempre consideraram o coração como o centro das decisões humanas, conferindo a ele importâncias que hoje atribuímos ao cérebro. Isso evidencia o papel da emoção frente ao da razão, quando hoje a tendência é exatamente a oposta - suprimimos nossas emoções em favor da lógica e da racionalidade absoluta, mecanizando-nos, tornando-nos menos... humanos. A Palavra confere ao coração um papel muito mais que fisiológico, mas simbólico e crucial: isso é evidenciado em passagens como "Pois onde estiver o teu tesouro, ali estará o teu coração" (Mateus 6.21) ou "A boca fala do que o coração está cheio" (Mateus 12.34a). 

O que eu quero dizer com isso? Que não importa o quanto você aja como um benfeitor e justo aos olhos dos homens se seu interior está corrompido - e é o seu coração que o Senhor pesará. A fé sem obras é morta, diz Tiago, mas boas obras de nada servem quando sua fé está maculada. Um espírito reto em consonância com a prática da justiça e da equidade mudam o mundo, no sentido de servir como exemplo às outras pessoas. Como esperamos mostrar a graça e o amor de Cristo aos outros se nossas vidas não são um canal pra isso? E aproveitando o título de outra postagem minha: Deus tem falado através de nós?

Já é mais que hora de fazermos esses questionamentos se quisermos transformar esse mundo pela renovação da nossa mente.

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