segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Protestantismo, a piada pronta.

Porquês

Cá estou eu navegando pelo Facebook quando me deparo dentre as sugestões de grupos para se entrar uma para um chamado "evangélicos que gostam de sexo". Na verdade esta não é a primeira vez que ouço falar desse grupo, mas essa sugestão escabrosa me deixou sem palavras. Especialmente porque reflete uma tendência de comportamento vista dentro da própria religião evangélica.

Mais do que tudo, reflete a piada que os evangélicos - cristãos, em geral - se tornaram. Conveniente torcendo seus próprios ensinamentos acabaram por perder a moral que um dia talvez tiveram. Falo isso porque críticos ao cristianismo sempre existiram, mas hoje em dia eles têm mais argumentos. Quando devíamos ser mais fortes somos mais fracos e alheios à nossa própria crença. Somos uma vergonha. 

"Tenho tantas perguntas para suas respostas..."

A realidade da região cristã é bastante deplorável hoje: temos vivido uma religião legalista, de argumentos fracos, desrespeitosos, muito geralmente inválidos. O que eu tomei como base pra minha vida é justamente de ir a e encontro dessas verdades pré-reformuladas, mais de autoria da própria Igreja do que da própria Palavra. Nem preciso citar a questão da conveniência e da deturpação do que há na Bíblia, mas vejam este texto como uma extensão do meu texto "Religare".

O caminho para realmente chegarmos à essência da Bíblia é ainda tremendamente longo. Nosso destoamento das verdades divinas se revela na nossa intolerância para com o outro, para com a fé do outro. Por isso realmente achei tão pertinente o texto do humorista Gregorio Duvivier intitulado "A religião dos outros". Com muita ironia ele retrata justamente essa intolerância religiosa, praticada em sua grande maioria pelas religiões abraâmicas - ou até mesmo umas contra as outras. 

"Tem que rir das religiões menores, as religiões de preto, de judeu. Não tem graça rir da fé da maioria do povo brasileiro. Acho que é isso: quando eu digo religião, eu tô falando a religião da maioria. Aí é que perde a graça.

Sim, por acaso essa é a minha religião. Tá bom. Quando eu digo que não pode brincar com religião, eu tô falando da minha religião. A minha religião não tem a menor graça." 

Como podemos mudar o mundo e querer o respeito se não nos damos o respeito, envergonhamos esta fé que para muitos é puramente nominal? 

Um grande exemplo contra este legalismo

Já devo ter expressado minha grande admiração pelo Papa Francisco algumas vezes aqui no blog. Pois bem, ontem ele me deu mais motivos para admirá-lo e respeitá-lo. Um jornalista italiano, Eugenio Scalfari, ateu e iluminista, escreveu duas cartas no jornal do qual é fundador e colunista intituladas "perguntas de um não crente ao papa jesuíta chamado Francisco". A resposta do papa é simplesmente fenomenal. Refletindo sua simplicidade e o extenso conhecimento, ele convida o jornalista a um diálogo aberto entre crentes e não crentes, oferecendo respostas sinceras e respeitosas, mas acima de tudo sábias, às perguntas que Scalfari lhe fez. Aqui vai um pequeno excerto da carta-resposta que ele escreveu:

"A fé, para mim, nasceu do encontro com Jesus: um encontro pessoal, que tocou o meu coração e deu uma direção e um sentido novo à minha existência; mas, ao mesmo tempo, um encontro que se tornou possível pela comunidade de fé em que vivi e graças à qual encontrei o acesso ao entendimento da Sagrada Escritura, à vida nova que flui, como jorros de água, de Jesus através dos sacramentos, à fraternidade com todos e ao serviço dos pobres, verdadeira imagem do Senhor. Sem a Igreja – creia-me! –, eu não teria podido encontrar Jesus, embora ciente de que este dom imenso da fé está guardado em frágeis vasos de barro que é a nossa humanidade.
Ora, é precisamente a partir desta experiência pessoal de fé vivida na Igreja que me sinto à vontade para perscrutar as suas perguntas e procurar, juntamente com o senhor, as estradas ao longo das quais possamos talvez começar a fazer um pedaço de caminho juntos."
O que está sendo dito aqui é nada mais do que tenho passado a defender em minha vida: uma resposta satisfatória, congruente com os ensinos da Palavra, simples e tão sincera. Sem legalismos! Mais do que isso, a postura do papa nos convida a refletir enquanto cristãos, não importa se é católico, evangélico ou o quê. Eu não estou vendo esse tipo de postura como a dele dentro do protestantismo! Ao invés disso há o preconceito, que nos cega a ponto de não nos fazer ver que o fato deste homem ser de uma denominação diferente nada importa, mas que ele pode estar sendo sim usado por Deus para nos dizer algo. Quão difícil é para nós, ó detentores da verdade absoluta, enxergar isso? O quanto eu seria julgado dentro do meu contexto religioso apenas por pensar dessa forma?
Conclusão e pensamentos finais
O protestantismo não tem seu nome à toa. Foi a alternativa, a resposta à corrupção da Igreja Católica que permeou a Idade Média e Moderna. E hoje, no entanto, de que meio religioso advém os maiores casos de corrupção, de desvio de dinheiro? Qual a bancada conhecida mais pelas suas posturas sensacionalistas do que por projetos de leis concretos que realmente visam beneficiar a população? Que é alvo de chacota, que se faz indigna de respeito, que escreve com seu próprio sangue o fim de sua história?
Eu não tenho vergonha do Evangelho em que tenho crido. Mas tenho vergonha das pessoas que não medem esforços, mesmo involuntariamente, em tornar este Evangelho fonte de piadas. Acordem pra realidade, olhem pra si mesmos! O Deus de quem tanto falam e se orgulham em crer realmente está satisfeito com suas condutas?
Mas eis que chegará o dia em que todos prestaremos contas ao Pai.

Ps.: estes são os links dos dois textos que mencionei no texto:

O do Gregorio: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/gregorioduvivier/2013/09/1345887-a-religiao-dos-outros.shtml

A carta-resposta do papa Francisco: http://textosparareflexao.blogspot.com/2013/09/a-surpreendente-resposta-de-papa.html

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