quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Religere.

Religião =/= Religiosidade

Como um cristão, tenho observado constantemente através da internet o modo como a religiões tem sido abominada, perdendo espaço pra um secularismo cada vez mais crescente entre a sociedade. Já disse aqui e repito que esse processo tem sido agravado pela mácula que vários adeptos do cristianismo (de várias outras religiões também, mas vou focar ao cristianismo) tem deixado com práticas hipócritas e deturpadas, ao ponto de blasfemar o Deus em que creem com suas atitudes nada condizentes com o que afirmam seguir. A hipocrisia crescente, os escândalos comumente noticiados, a falta de compromisso com sua própria fé - todos esses fatores e outros mais corroboram para o cada vez maior distanciamento das pessoas da religião, que já é encarada como algo negativo. A simples menção dessa palavra já causa repulsa a muitas pessoas.

Porém, qual o significado da palavra "religião"? A Wikipedia define como "(...) um conjunto de sistemas culturais e de crenças, além de visões de mundo, que estabelece os símbolos que relacionam a humanidade com a espiritualidade e seus próprios valores morais. Muitas religiões têm narrativassímbolostradições e histórias sagradas que se destinam a dar sentido à vida ou explicar a sua origem e do universo. As religiões tendem a derivar a moralidade, a ética, as leis religiosas ou um estilo de vida preferido de suas ideias sobre o cosmos e a natureza humana."

Sendo assim, o conceito geral da religião em muito difere da conotação pejorativa com a qual a palavra está sendo usada na atualidade. Daí vem este subtítulo. O que mata é a religiosidade. O fanatismo exacerbado, a mente retrógrada, a leitura dogmática e literal das Escrituras (um erro se tratando de um livro de múltiplos significados e interpretações), a interpretação moldada às conveniências pessoais, a hipocrisia pura e simples de fazer aquilo que se afirma ser errado - isso é religiosidade. E é o que temos visto nestes dias. Portanto, não confundam as coisas.

Religião=/=Pessoas


Eis o principal erro das pessoas: a generalização. Gente, isso é um saco. Alguém bem-informado e respeitoso com a crença alheia jamais vai afirmar coisas do tipo "crente é tudo chato", "huur duur alienados huur duur" e outros lugares-comuns. Não querendo bater na mesma tecla, uma vez que eu já desferi minhas críticas a neo-ateus, mas essa postura irracional e desrespeitosa não é exclusiva deles. 

O motivo principal pelo qual estou fazendo este post com esta temática advém do fato de esse assunto ter sido abordado brevemente numa conversa que estava tendo com meus amigos ontem. E um deles falou como a hipocrisia do povo de minha cidade o enojava, como isso o fez se afastar definitivamente de qualquer religião. Eu poderia ter lhe dito que ele estava confundindo as coisas, que a religião é algo maior do que as pessoas e que era um erro deixar disso por causa de indivíduos falhos, como se eles fossem o único motivo pra se seguir uma religião, mas fiquei calado. Geralmente as coisas mais difíceis de se dizer são as mais importantes.

Imutável, tão deturpável

Tudo passa; a Palavra permanece. Que a Igreja - quer seja ela a Católica ou a Evangélica - precisa entender o espírito dos tempos e realmente fazer mudanças dentro de suas próprias estruturas, é fato. Mas até que ponto isso esta em consonância com a verdade que afirmam pregar. Num tempo de conceitos tão relativos, como ensinar ao mundo sem soar dogmático, e acima de tudo ser capaz de impor o respeito ao que você crê? É por isso que acho que a maior transformação no sentido religioso vem do exemplo prático, da atitude.

"Actions speak a little louder than words" Petra

Mui me admira as atitudes do papa Francisco em relação a temáticas tão sérias que hoje permeiam o cotidiano do cristianismo como um todo - bebidas, aborto, homossexualidade. Significa que há espaço pro diálogo. Mas eu vos digo: a Palavra é imutável e eterna. Um livro pra ser analisado, discutido e lido por toda uma vida. Cada leitura pode lhe dar um significado diferente. 

Mas o que se vê hoje são as pessoas querendo forçar a Igreja a tomar atitudes que simplesmente vão de encontro à Bíblia, como se fosse a Igreja quem criasse aquele determinado conceito. Há deturpações e conveniências? Sim, há. Essas devem ser combatidas. Mas será que temos que chegar ao ponto de se criar coisas do tipo "Bíblia gay"? Sinceramente, tais deturpações me enojam. 

Que os homossexuais tenham seus direitos assegurados pelo Estado Laico, isso eu concordo. Mas que não venham para dentro das igrejas querendo alterar passagens bíblicas para se justificar. A própria Palavra condena veementemente aqueles que a alteram para seus próprios benefícios, seja adicionando, seja retirando.

"Não ensine seu filho apenas a ler. Ensine-o a ler e a questionar o que ele está lendo" George Carlin

Conclusão

Num mundo utópico, as pessoas se disporiam a ler a Bíblia antes de quererem atirar suas pedras, dispondo-se a tentar compreendê-la. Num mundo utópico, não haveria esse mercado da fé, com mercadores oferecendo milagres e lucrando em cima da ingenuidade alheia para construir seus impérios nada divinos. Num mundo utópico, o direito do livre arbítrio seria usado com sabedoria, as pessoas realmente se importariam umas com as outras e não seriam tão fúteis. Num mundo utópico as religiões cumpririam eficazmente seu papel de religar o homem a Deus.

Esse mundo não existe. Mas eu creio que Deus exista. E estou preparado pra ser julgado por isso pelo resto de minha vida.

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