segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Espelho, espelho, que trazes as mais doces ilusões.

Nada me define tanto quanto o meu resultado do teste de temperamento, onde foi apontado que eu era melancólico-fleumático. Enquanto lia a definição de um indivíduo com esse tipo sentia como se estivesse sendo descrito ipsis litteris ali. Por isso vou copiar o texto para que assim toda pessoa saiba quem eu sou:

"Melancólico Fleumático


Melancólico Fleumático convive bem com todas as pessoas. Melancólico Fleumático é basicamente um  introvertido que alia a eficiência organizacional do fleumático com o perfeccionismo analítico do melancólico.


Melancólico Fleumático é bastante habilidoso

Pessoas com este tipo de temperamento são excelentes escritores e matemáticos, fazem invenções significativas e descobertas médicas. O melancólico fleumático é humanitário por natureza e privilegia ambientes quietos e solitários o que lhe permite estudar e pesquisar.

Melancólico Fleumático pode ser negativo

Pessoas com  esta combinação de temperamentos facilmente se sentem desencorajadas e desenvolvem padrões de pensamento negativos. São pessoas capazes e com grande talento e capacidade, mas frequentemente duvidam de si próprios.

Melancólico Fleumático e relacionamentos

Normalmente são apreciados pela sua família e amigos pela sua disciplina pessoal e dedicação, mas a sua preocupação com a humanidade em geral pode fazer com que negligenciem a sua própria família. São particularmente vulneráveis perante a ansiedade e o medo e facilmente se deixam pressionar para assumir compromissos que ocupam muita da sua energia e criatividade."
O eterno conflito comigo mesmo
É incrível a minha capacidade em me diminuir. Basicamente, nem mesmo todos os elogios rasgados a mim me fazem acreditar em meu definitivo potencial. Mais do que tudo, constantemente temo que meus esforços em prol da auto-depreciação sejam confundidos com falsa modéstia, o que não é o caso. Eu pensava ser humilde, mas humildade é aquele meio-termo entre a auto-depreciação e a arrogância. 
Meu medo era me tornar um arrogante, e se há uma coisa que eu odeio é a arrogância. Mas não foi por causa disso que me passei a me esforçar tanto em me diminuir, e sim pelo fato de que algumas das minhas experiências de ensino médio me abalaram bastante, especialmente no tocante ao fato de eu ter me ferrado em física e química no primeiro ano e ter ido pra recuperação, algo com o que eu jamais sonhei. Afinal de contas, sempre fui um excelente aluno. Descobrir que eu não seria tão bom pra sempre, saber o que é sentir dificuldade, não saber algum assunto, isso me marcou muito mais do que eu esperava. E também sempre fui muito zuado, tendendo a ouvir os comentários zoados de meus colegas do que a esmagadora massa de elogios e admirações. Essa tendência ao pessimismo, esse "mal do século", sempre foi uma marca minha, agora posso ver.
Essa minha lógica não se resume ao aspecto hábil e do conhecimento, mas muito principalmente na aparência. Quando alguém me diz que eu sou bonito, já fico com um pé atrás. Em se tratando de um elogio à minha persona física, é quase impossível que eu acredite. Quando me olho no espelho não vejo um cara feio, mas basta que eu saia em uma foto pra que pense "pqp, como sou feio".
Contudo, fazer este texto revelou-me que esta diminuição de mim mesmo é uma marca intrínseca de mim mesmo. Simplesmente me vejo como sendo "superestimado". Mas qual é o meu problema? Queria ter os olhos dos outros pra ver o que eles veem em mim, saber o que sentem quando leem o que escrevo, entender porque falam tanto de mim. Quando alguém me elogia simplesmente enrubesço, baixo a cabeça, dou aqueles agradecimentos trôpegos, as palavras que mal saem direito, uma vez que não são formuladas. Se há uma coisa que não sei fazer, é agradecer a alguém quando elogiado. Realmente não sei como me portar. Temo nunca saber, porque não sei se serei capaz de mudar isso em mim.
Todo esse pessimismo, essa imagem distorcida de mim mesmo, isso me incomoda bastante. Mas é algo do que eu quero abrir mão? Sei lá cara, acho que não. Enquanto eu não conseguir obter o equilíbrio perfeito para saber ser reconhecido com dignidade pelo que sou e pelo que faço sem cair no erro do orgulho desmedido, preferirei cometer o erro do menosprezo.

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